Renata Cruz
PLANTA
um espaço para acolher a diversidade e o desejo de vida em comum
PLANTA é um pequeno espaço no centro da cidade de São Paulo (uma das vitrines da Galeria das Artes, entre as ruas Sete de Abril e Braulio Gomes), que recebe pensamentos, ideias, questões, propostas, projetos e sonhos de diversos artistas e pensadores convidados. O espaço tem como proposta acolher a diversidade como forma de pensamento e modos de vida, e o desejo de ajudar a "florescer" novos caminhos para a vida em comum.


Sonhar como verbo conjugado coletivamente
É um trabalho que nasce do querer estar junto e de insistir nesse estar junto,
mesmo com as dificuldades da cidade e do tempo que vivemos
Lacuna como tentativa de abrir espaço
É um trabalho que lembra das frestas
Perceber frestas é também estar interessado nas outras pessoas
As frestas estão por toda parte
Os rastros são deixados por toda parte
Revelar as possibilidades que já estão aqui
Revelar as possibilidades ali no tecido, ali na poesia que se escreve com as letras à solta
Revelar as possibilidades que nascem agora no berço dos encontros, na confiança que anima o sonho e o tecido, as palavras e a luz
Ao longo do tempo, mais palavras são cavadas no tecido, como um terreno coletivo em que a diversidade dos cultivos está na chance de mais palavras chegarem, de mais sonhos conviverem








Sob coordenação e convite de Renata Cruz, os artistas visuais Élcio Miazaki e Nilton Campos desenvolveram o projeto site-specific [ocupar] [valores]. Nele, foram trabalhadas 'analogicamente' determinadas frases que surgiram com as trocas de mensagens entre os dois, realizadas por meio digital com aplicativo de celular. Sempre quem iniciou a conversa, teve a sua fala reproduzida na placa à esquerda. A da direita era reservada à resposta, ou reação. Os assuntos eram diversos, muitas vezes relacionados às respectivas atividades e pesquisas. Mas também ao contexto sócio-político, e ao entorno: uma galeria comercial que une duas ruas na região central da cidade de São Paulo, com livre trânsito de pessoas num corredor largo de passagem. Ao todo, cinco diálogos breves se revezaram de abril a junho de 2024 e cada composição permaneceu, em média, duas semanas na vitrine. Em dias atuais, nos quais reclamamos constantemente da 'falta de tempo', a experiência em relação ao projeto de ocupação da vitrine, representou momentos de desaceleração de um ritmo desenfreado e não justificável. Assim, possibilitou, mutuamente entre os artistas, maior conhecimento e compreensão de seus anseios, além de estreitar laços por meio das conversas e reflexões ocorridas entre eles.










Prática das Pequenas Construções
kusa no to mo
sumi kawaru yo zo
hina no ie
O encontro com fragmentos de fachadas em uma longa caminhada pelo bairro Jardim São Paulo, com ninhos caídos depois de uma tempestade, azulejos descartados em uma caçamba, conchas na areia do litoral sul de São Paulo e orquídeas secas delicadamente coletadas de suas hastes resultou em uma coleção que vem se formando ao longo dos últimos anos.
Essa pequena composição habitou por um mês uma pequena vitrine no Centro de São Paulo. Contidos nesse espaço, a palha seca que recebe ovos de pássaros, o nácar calcificado que vira esqueleto fora do corpo, as pastilhas coloridas e o azulejo estampado de flor se ofereciam ao olhar de quem se dispusesse a uma pausa, como uma arqueologia daquilo que está a serviço da vida.
a cabana de ervas secas
(o mundo tudo muda)
vira casa de bonecas
Matsuo Basho
Carolina Mikoszewski

