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Statement

 

Minha prática artística nasceu da relação com os livros e da leitura das imagens e dos textos. Eles foram o meio pelo qual novos mundos e novas formas de viver chegaram até mim, ao mesmo tempo em que compreendi que poderia usar o formato do livro para compartilhar o que via e queria contar.

 

Desde então tenho no cerne da minha prática, o entendimento de que cada ser é uma biblioteca, e procuro através do trabalho que realizo, criar situações onde essas bibliotecas possam existir e unir nossas histórias, entrelaçando saberes e conhecimentos. Saberes que podem caber na palma da mão como um livro, que podem se deslocar conosco ampliando a rede de encontros e trocas.

 

A página impressa que conecta o desenho e a escrita, o texto e a imagem, presentes nos livros de histórias, nas enciclopédias de conhecimentos gerais, nas enciclopédias de arte, nos livros de culinária, nos atlas geográficos, nos livros de idiomas, nas edições de bolso de grandes clássicos da literatura vendidos na banca de jornal, e inclusive no jornal impresso, sempre me ensinaram também, que algo que muda nossa vida e amplia nosso olhar, deve ser acessível, deve ser múltiplo e deve ser para todos. Assim, as edições, reproduções e tudo que possibilite que meu trabalho viaje e esteja em movimento para alcançar o maior número de seres, me interessa.

 

Por acessível considero também o exercício da prática artística que se insere no cotidiano com naturalidade. Um exercício lento e contínuo em harmonia com as vinte e quatro horas do dia. A organização do meu trabalho se dá através de práticas que cultivo em meu dia a dia, e que se desenvolvem num contínuo lento, porém permanente que se sustenta no decorrer de um tempo mais ou menos longo, que é como crio meu corpo de trabalho. Faz parte destas práticas cotidianas a leitura dos livros para a criação de colagens de textos, o desenho do que está ao meu redor, a escuta de relatos que são compartilhados comigo nos projetos colaborativos, os encontros com grupos que realizo como artista educadora e mentora, e até mesmo o acompanhar do crescimento das plantas com as quais convivo, para sincronizar o fazer artístico com a qualidade de tempo que busco viver.

 

Assim, em meus projetos optei por olhar os pequenos acontecimentos do cotidiano, as histórias não oficiais, não notadas e que não foram contadas, os seres que passam despercebidos, mas que estão na escala dos corpos e dos encontros. São estes os assuntos que se apresentam na forma de desenhos, fotografias, vídeos, instalações, site specific e publicações. Por meio deles retomo sempre a perguntas como: o que acontece quando muitos pequenos acontecimentos, pequenos gestos, pequenas histórias são colocadas juntas? Qual a força do ínfimo como agente de transformação, quando sustentado com cuidado ao longo do tempo? O que a diversidade de vozes baixas pode nos contar sobre o mundo em que vivemos em face a homogeneização e histeria dos comportamentos? 

 

A busca por essas respostas me move em direção ao encontro com as pessoas e com a natureza, e fortalece o desejo de organizar todos os “livros” das experiências de vida, e as “bibliotecas” que ainda não encontrei, mas sei que estão por aí, esperando para serem ouvidas.

Statement

 

 

My artistic practice was born from the relationship with books and by both reading images and texts. They were the means by which new worlds and new ways of living were brought to me while, at the same time they taught me I could also use the book format to share with others about what I saw and want to tell. .

 

Since then, I have at the core of my practice the understanding that each being is a library, and through the work I do, I seek to create situations where these libraries can exist, be manifested and eventually united,  intertwining our stories and knowledges. It is the kind of knowledge that can fit in the palm of the hand like a book, that can travel with us, and expand the network of encounters and exchanges.


The printed page that connects drawing and writing, text and image - present in storybooks, encyclopedias of general knowledge, art encyclopedias, cookbooks, geographic atlases, language books, editions pocketbooks of great classics of literature sold at the newsstand on the corner bodega  and even the printed newspaper - taught me that the things  that changes our lives and broadens our worldview perception, must be accessible, must be multiple and must be for all. Thus, the editions, reproductions and everything that makes possible for my work to travel and be in movement to reach the greatest number of beings, interests me.

 

By accessible I also consider the exercise of artistic practice as something that is naturally inserted in everyday life. A slow and continuous exercise in harmony with the twenty-four hours of the day. The organization of my work takes place through practices that I cultivate in my daily life, and that develop in a slow yet permanent continuum, which is sustained over time, which is how I create my body of work. Part of these daily practices are in reading books to create collages of texts, in drawing with what is around me, in listening the reports that are shared with me  in during my collaborative projects, in meetings with groups that I coordinate as an artist-educator and mentor, and even in accompanying the growth of the plants I live with. Is part of my work to synchronize my artistic practice with the quality of time of the life that's how I seek to live.

 

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Thus, in my projects I chose to look to the small everyday events, the unofficial and unseen stories that were not told, the beings that go unnoticed, but that are on the scale of bodies and encounters. They are the subjects that I represent indrawings, photographs., videos, installations, site specific works and publications. Through them I question,s: what happens when many small events, small gestures, small stories are put together? What is the strength of the infimum as an agent of transformation, when sustained with care over time? What can the diversity of low voices tell us about the world we live in, in the face of the homogenization and hysteria of behaviors?

 

The search for these answers moves me towards meeting people and nature, and strengthens the desire to collect and organize all the ‘books’ of life experiences and the ‘libraries’ that I haven't found yet, but I know are out there, waiting to be heard.

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